segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Fábula da Galinha

A Fábula da Galinha
Esta é uma fábula muito popular nos países de língua inglesa, onde é conhecida como The Little Red Hen, que assim como a fábula A Formiga e a Cigarra, visa ensinar o valor do trabalho e da previdência às crianças. Coisas que os esquerdistas são incapazes de entender. Existem muitas versões diferentes desta fábula, mas aqui está uma das que eu gosto mais. Vamos à ela:

A Fábula da Galinha


Era uma vez uma galinha ruiva que morava numa fazenda com seus três amigos: O cão preguiçoso, o gato dorminhoco e o pato barulhento. Um dia ela encontrou alguns grãos de trigo no quintal e decidiu chamar seus amigos para ajudar a plantá-los.

"Quem me ajuda a plantar este trigo?" -- perguntou a galinha.

“Eu não”  --  latiu o cão preguiçoso.
“Nem eu” -- miou o gato dorminhoco.
“Tô fora!” -- grasnou o pato barulhento.

"Então eu planto sozinha" -- respondeu a galinha. E assim ela fez.

Logo o trigo começou a brotar e quando a época da colheita estava próxima, ela voltou a chamar seus amigos para ajudá-la.

“Quem vai me ajudar a colher o trigo?" -- perguntou a galinha.

“Eu não, isso cansa --” latiu o cão preguiçoso.
“Nem eu, vou dormir” -- miou o gato dorminhoco.
“Eu não ganho nada com isso. Tô fora!” -- grasnou o pato barulhento.

"Então eu colho sozinha" -- respondeu a galinha. E assim ela fez.

Sabendo que seus amigos não iriam colaborar, a galinha levou sozinha o trigo para o moinho e o transformou em farinha para preparar o pão, mas mesmo assim ela perguntou: "Quem vai me ajudar a preparar o pão?"

“Eu não, se alguém souber que eu trabalhei perco a bolsa-ração” -- latiu o cão preguiçoso.
“Nem eu, recebo pensão e seguro desemprego, vou dormir” -- miou o gato dorminhoco.
“Você não vai me pagar hora extra! Tô fora!” -- grasnou o pato barulhento.

"Então eu preparo sozinha." -- respondeu a galinha. E assim ela fez.

Quando os pães ficaram prontos os outros animais vieram pedir um pedaço para a galinha ruiva, que respondeu:

"Não, eu fiz os pães sozinha e sozinha vou comê-los." E assim ela fez.
Assim termina a fábula original, a galinha come os pães e os outros animais vagabundos ficam sem nada, mas aqui no Brasil o final seria bem diferente:

Após se negar a dividir os pães, a galinha começou a ser insultada pelos outros animais.

“Maldita galinha burguesa! Exijo direitos iguais!” -- latiu o cão preguiçoso.
“Que falta de solidariedade! Sua egoísta insensível! Não sente pena dos que têm fome?” -- miou o gato dorminhoco.
“Gananciosa! Capitalista! Exploradora! Eu vou tomar seus pães à força!” -- grasnou o pato barulhento.

Com a confusão a galinha resolveu chamar a polícia e, junto com a polícia, veio um burocrata do governo dizendo que ela era obrigada a dividir os pães com o governo e com os animais que nunca a ajudaram em nada.

"Mas eu fiz tudo sozinha! Plantei o trigo, colhi, fiz a farinha, assei os pães e ninguém me ajudou em nada!" -- reclamou a galinha.

"Sim, mas você fez tudo isso dentro desta fazenda e aqui não somos capitalistas, todos devem dividir seus lucros com os demais para manutenção da paz. Isso é justiça social" -- disse o burocrata.

Depois do pequeno discurso do burocrata os demais animais comemoravam enquanto a polícia confiscava os pães da galinha ruiva:

"Bem feito! Ficou sem nada! Se ferrou galinha elitista!" -- gritavam histericamente.

De posse dos pães o governo ficou com a maior parte, deixando apenas algumas fatias duras para os animais vagabundos, que comemoraram a expropriação dos pães da galinha, aplaudindo a adoção do sistema de justiça social que lhes garantia migalhas.

Entretanto, depois de algum tempo eles começaram a se questionar porque nunca mais a galinha voltou a fazer pão...

Fonte: Mídia Livre

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A diferença entre emprego e trabalho

Um pequeno conto para se refletir:

A diferença entre emprego e trabalho

Um empresário americano, do ramo de construções, passeava por uma estrada, na Rússia comunista, quando avistou várias pessoas no que parecia ser uma obra. O empresário parou, desceu do carro e observou a cena: vários homens, munidos de pás, trabalhavam intensamente numa escavação. O empresário dirigiu-se ao homem que julgou ser o mestre de obras e perguntou:

– O que vocês estão construindo?
– Estamos escavando um túnel, senhor. O governo quer fazer um grande túnel nessa região.
– E para que tanto trabalho braçal? Eu posso lhes vender duas escavadeiras que fariam todo o trabalho em muito menos tempo e por um preço bem menor do que a mão-de-obra atual.
– De jeito nenhum! E o que aconteceria com o emprego de todos esses homens? Preferimos manter do jeito que está.
– Ora, eu achei que o objetivo de vocês era construir um túnel, e não justificar o emprego de tanta gente. Se esse é o caso, melhor lhes tirarem as pás e lhes darem colheres.


sábado, 20 de janeiro de 2007

Turismo intelectual: Minha conversa com Janer Cristaldo

Janer Cristaldo

Cansado de ler obras de ficção e buscando por literaturas mais contemporâneas, tomei conhecimento, no final de 2004, das crônicas do escritor e jornalista Janer Cristaldo. Dono de uma inteligência e erudição únicas, Janer discorre de forma divertida em seus textos sobre variados assuntos, comumente focando-se em política e suas variações. Até então eu detestava política. Só depois que passei a ler seus artigos é que entendi melhor o assunto e comecei a interpretar notícias, em vez de engoli-las, e vi que há muito a ser lido nas entrelinhas.

Cristaldo foi, por assim dizer, o pivô para que eu reavaliasse minha maneira de escrever (e pensar). Antes, apenas despejava aqui pensamentos aleatórios. Só quando me propus a escrever textos mais longos é que percebi a influência de Janer e de outros articulistas semelhantes. Influência, bem entendido, não significa imitar, mesmo porque há assuntos abordados por ele dos quais divirjo completamente.

Em meados de 2005 enviei-lhe um e-mail comentando uma de suas crônicas. Nem esperava resposta, mas ela veio. Começamos, então, a trocar alguns e-mails - bem poucos, na verdade, pois não queria incomodar.

Durante a Bienal do Livro, em 2006, Cristaldo publicou um artigo mencionando meu blog, o que aumentou bastante o número de visitantes. Ao agradecer-lhe a citação, veio o convite: "precisamos confraternizar um dia desses". Infelizmente nunca me sobrava tempo e o encontro só veio a acontecer na última semana de 2006.

Marcamos, então, em um bar de Higienópolis. Chovia naquele fim de tarde, mas a temperatura estava agradável. Escolhemos uma das mesas na calçada para nos acomodar e lá ficamos. Foram quase quatro horas de uma conversa como há muito eu não tinha.

Janer Cristaldo é o tipo de pessoa que possui uma enorme bagagem de vida, disposto a compartilhá-la com quem se sentar à mesa para ouvi-lo. Conversamos de tudo um pouco, mas eu estava interessado mesmo em suas experiências de viagens. Tenho uma fascinação pela Europa e praticamente tudo o que diz respeito ao Velho Mundo, e Janer morara um tempo em Estocolmo, além de viajar freqüentemente para o continente europeu.

Conhecer outro país através dos olhos de alguém que sabe descrever seus ares, odores e cores é, talvez, mais interessante do que realmente estar nesse país. Em certo ponto da conversa, Cristaldo me perguntou se já estivera na Europa. Diante da minha negativa, disse ele: - Invejo-te! - Como assim? - perguntei, e a resposta: "Quando partires para lá, tu ainda terás a emoção e ansiedade da viagem, de chegar a lugares novos e vislumbrar paisagens e pessoas diferentes". E continua: "Essa emoção eu a perdi, hoje conheço Paris melhor do que São Paulo, e ir para lá já não me desperta a sensação de novidade". De fato, um ponto de vista interessante.

"Qual o país mais belo da Europa?", perguntei. Sem pensar, respondeu: "Noruega, sem dúvida! Os fiordes oferecem paisagens inigualáveis com gelo, montanhas e mar unindo-se em vistas espetaculares". E o melhor para se viver? Espanha.

As descrições dos caminhos percorridos por Cristaldo só aumentaram minha vontade de conhecer todos aqueles lugares. Perambular pelas ruas de Viena, saborear os famosos pães franceses com patês e vinhos, respirar os ares do berço da arte. Conhecer a Europa é uma das minhas metas depois de casar. Janer prontificou-se a dar-me dicas de roteiro e hospedagem.

Para Janer, só se conhece um país freqüentando seus bares. "Você não conhece um país visitando museus, precisa ir a bares e restaurantes para ter contato real com as pessoas". Cristaldo também gosta de experimentar as culinárias exóticas de cada país, mencionando um famoso peixe enlatado da Noruega que, segundo ele, tem cheiro e gosto de coisa podre, mas, "se uma nação inteira gosta, é porque deve ser bom".

De repente, uma senhora, conhecida de Janer, juntou-se a nós para pedir conselhos: - Ai, Janer! - dizia ela - estou com medo, o que vai acontecer agora que Lula foi reeleito? - Nada - respondeu ele - deviam se preocupar na época em que ele foi eleito, agora que lhe deram mais quatro anos, que ele fique por lá até o fim. Mais alguns minutos de papo e a senhora nos deixou, já menos apreensiva. Falamos bastante de política, mas eu me concentrava na Europa.

Apreciador de boa música, Cristaldo citou preferências como Mozart e disse detestar Wagner. Mencionou alguns intérpretes da música francesa, italiana e norueguesa. Também mostrou-se fã da música "mariachi" e da cantora Inezita Barroso (!). Rock ou música americana? Nem pensar.

Aproveitei para perguntar-lhe se conhecia os Estados Unidos. "Sim", respondeu, "para não dizer que sou preconceituoso, estive lá uma vez. Não gostei. Os prédios altos da 5ª Avenida causam um vento encanado muito forte"!

E o misterioso Oriente? Também não. "Se você quiser ver as pirâmides do Egito", disse, "são bonitas e valem o contato com a História, mas o Cairo é horrível! Quente e sujo! Prefiro o conforto dos hotéis europeus". Japão, China e afins também nunca despertaram interesse em Janer, mas uma cidadezinha perto do Pólo Norte chamou sua atenção.

"Gostaria de conhecer o bar dessa cidade, que possui 1500 habitantes e 3000 ursos! As pessoas precisam andar armadas o dia todo caso surja um urso intrometido". Perguntei-lhe o que tinha para se fazer num lugar desses: "Nada! Não há nada para fazer, e é exatamente por isso que ainda não fui para lá, pois nunca viajo sozinho e é difícil convencer uma companhia a partilhar tal aventura".

A conversa desenrolou-se por outros temas: literatura, arte, religião, comportamento. Chegamos ao ponto de esgotar certos assuntos e ficarmos apenas parados, bebendo e olhando o movimento na rua.

Este texto renderia muitos parágrafos mais se eu fosse comentar detalhadamente essas quatro horas de conversa. Fiz uma verdadeira viagem intelectual através das descrições e opiniões de Janer. Um contato enriquecedor, sem dúvida.

Ao levantarmos para ir embora, notei um belo restaurante do outro lado da rua. "É muito bom", afirmou Cristaldo, "aos sábados servem uma feijoada excelente aí". Eu disse que viria experimentar um dia desses, e ele me pediu que marcasse a data e, se quisesse companhia, era só chamar.

Sem dúvida, caro Janer, sem dúvida. E desta vez, tentarei marcar para antes do fim do ano.

Atualização 27/10/2014


Infelizmente este reencontro nunca aconteceu. Acabei sempre adiando a outra visita ao Janer e, com o tempo, ele adoeceu, o que tornou tudo ainda mais difícil. Chegamos a trocar mais alguns e-mails nesse meio tempo. Mas no dia 27/10/2014, o Brasil perdia uma de suas maiores mentes lúcidas e inteligentes e, na minha opinião, o maior cronista que este país já teve.