sábado, 2 de fevereiro de 2019

Por que sou contra a democracia


Ao contrário do que muitos acreditam, ser contra a democracia não o torna, automaticamente, um apoiador de ditaduras e do totalitarismo. Só pensa assim quem não quer fazer um esforço racional para enxergar uma terceira via.

Muitos vendem a ideia de que a democracia é o suprassumo da civilização. Não é! A liberdade – incontestável e inegociável – é o ápice do que podemos definir como principal coluna de uma sociedade civilizada.

Defendo a liberdade acima de qualquer coisa – inclusive acima da igualdade (e se você não concorda comigo, deixo aqui um ótimo exercício de lógica e razão para sua mente, pois não darei uma explicação fácil).

A liberdade individual deve estar acima de tudo. E com ela, todo o peso da responsabilidade que isso traz. O indivíduo ė mais importante do que o coletivo, pois ele é a verdadeira ‘minoria’. Por isso mesmo ele não pode delegar a outrem as decisões mais importantes da sua vida. Não é o voto, mas a liberdade de tomar uma atitude racional e consciente, individualmente, que nos leva ao progresso. Qualquer coisa fora disso é apenas ‘gado’ e ‘manada’.

Os que tanto defendem a democracia tiveram que escolher entre Trump e Hillary; Bolsonaro e Haddad. Fantásticas opções, não? Aí os vencidos reclamam da escolha da maioria – sem se darem conta de que esta é justamente a base da democracia.

Só você sabe o que é bom para você mesmo (e não para o resto do mundo). E desde que isso não prejudique ou interfira na liberdade individual de outro, seja feliz com suas escolhas. Mas se você não sabe o que é bom pra você ou se faz escolhas erradas, encare que a responsabilidade é unicamente sua e aprenda com seus erros – nada de culpar o ‘sistema’, a ‘sociedade’ ou a ‘vida’.

Os bons líderes de grandes corporações são ‘facilitadores’ de suas equipes. Eles não estão lá para dar ordens ou mostrar o caminho, mas para ajudar sua equipe a funcionar removendo obstáculos, para que todos sejam ‘auto-gerenciáveis’. Um bom líder político, se seguisse esse pensamento, entenderia que não há maior obstáculo para uma nação do que o próprio Estado, cuja ineficiência traz miséria e sofrimento. Então, ele daria um passo para o lado, removeria esse obstáculo e deixaria a nação crescer sozinha, com liberdade.

E entenda que liberdade não significa libertinagem e nem que ‘tudo é permitido’. Leis são necessárias para que haja ordem e civilidade. A justiça é necessária para que haja o cumprimento das leis. Mas o governo e as eleições ‘democráticas’, estes em nada acrescentam ao mundo – ao contrário, trazem apenas desgosto e atraso.

“Ah, mas sem governo estaremos fadados à barbárie!” Será? Pois a Espanha, em 2016, passou um ano inteiro sem governo e teve um crescimento maior do que o da Alemanha, França e EUA.

“Ah, Emílio, mas é a Espanha, cultura europeia, etc.”, você dirá. Pois é, então o cerne da questão é justamente a responsabilidade e liberdade individual de cada cidadão, e não a democracia, certo? O povo soube fazer suas escolhas sozinho, sem governo, e teve um ano próspero. E se não souber, aprenderá pelo caminho da dor.

Por isso, criticar a democracia não me aproxima de déspotas. Ao contrário, me afasta dos que usam essa palavrinha para escravizar o povo – George Orwell entendeu bem essa questão.

Que mais não seja, democracia significa “poder do povo” (demo = povo; cracia = poder). Então, não existe democracia se não houver a liberdade para cada pessoa escolher individualmente como quer viver sua vida – se quer ter armas em casa ou não; se quer usar drogas ou não; etc.

A liberdade, meu caro, requer doses cavalares de responsabilidade, razão e lógica; e não de discursos emotivos e populistas de salvadores da pátria que surgem com a conversinha de lutar pelos direitos dos outros. É por isso que muitos preferem delegar as decisões da sua vida aos políticos do que encará-las de frente – dá muito mais trabalho.

Se o direito é seu, exerça sua liberdade individual de lutar por ele. Não delegue isso a ninguém, especialmente por meio de algo tão efêmero e inútil quanto o voto.