Ao contrário do que muitos acreditam, ser contra a
democracia não o torna, automaticamente, um apoiador de ditaduras e do
totalitarismo. Só pensa assim quem não quer fazer um esforço racional para enxergar
uma terceira via.
Muitos vendem a ideia de que a democracia é o suprassumo
da civilização. Não é! A liberdade – incontestável e inegociável – é o ápice do
que podemos definir como principal coluna de uma sociedade civilizada.
Defendo a liberdade acima de qualquer coisa –
inclusive acima da igualdade (e se você não concorda comigo, deixo aqui um
ótimo exercício de lógica e razão para sua mente, pois não darei uma explicação
fácil).
A liberdade individual deve estar acima de tudo. E
com ela, todo o peso da responsabilidade que isso traz. O indivíduo ė mais
importante do que o coletivo, pois ele é a verdadeira ‘minoria’. Por isso mesmo
ele não pode delegar a outrem as decisões mais importantes da sua vida. Não é o
voto, mas a liberdade de tomar uma atitude racional e consciente, individualmente,
que nos leva ao progresso. Qualquer coisa fora disso é apenas ‘gado’ e ‘manada’.
Os que tanto defendem a democracia tiveram que
escolher entre Trump e Hillary; Bolsonaro e Haddad. Fantásticas opções, não? Aí
os vencidos reclamam da escolha da maioria – sem se darem conta de que esta é justamente
a base da democracia.
Só você sabe o que é bom para você mesmo (e não
para o resto do mundo). E desde que isso não prejudique ou interfira na
liberdade individual de outro, seja feliz com suas escolhas. Mas se você não
sabe o que é bom pra você ou se faz escolhas erradas, encare que a
responsabilidade é unicamente sua e aprenda com seus erros – nada de culpar o ‘sistema’,
a ‘sociedade’ ou a ‘vida’.
Os bons líderes de grandes corporações são ‘facilitadores’
de suas equipes. Eles não estão lá para dar ordens ou mostrar o caminho, mas
para ajudar sua equipe a funcionar removendo obstáculos, para que todos sejam ‘auto-gerenciáveis’.
Um bom líder político, se seguisse esse pensamento, entenderia que não há maior
obstáculo para uma nação do que o próprio Estado, cuja ineficiência traz
miséria e sofrimento. Então, ele daria um passo para o lado, removeria esse
obstáculo e deixaria a nação crescer sozinha, com liberdade.
E entenda que liberdade não significa libertinagem e nem que ‘tudo é
permitido’. Leis são necessárias para que haja ordem
e civilidade. A justiça é necessária para que haja o cumprimento das leis. Mas
o governo e as eleições ‘democráticas’, estes em nada acrescentam ao mundo – ao
contrário, trazem apenas desgosto e atraso.
“Ah, mas sem governo estaremos fadados à barbárie!” Será? Pois a Espanha,
em 2016, passou um ano inteiro sem governo e teve um crescimento maior do que o
da Alemanha, França e EUA.
“Ah, Emílio, mas é a Espanha, cultura europeia, etc.”, você dirá. Pois
é, então o cerne da questão é justamente a responsabilidade e liberdade
individual de cada cidadão, e não a democracia, certo? O povo soube fazer suas
escolhas sozinho, sem governo, e teve um ano próspero. E se não souber,
aprenderá pelo caminho da dor.
Por isso, criticar a democracia não me aproxima de déspotas. Ao
contrário, me afasta dos que usam essa palavrinha para escravizar o povo –
George Orwell entendeu bem essa questão.
Que mais não seja, democracia significa “poder do povo” (demo = povo;
cracia = poder). Então, não existe democracia se não houver a liberdade para
cada pessoa escolher individualmente como quer viver sua vida – se quer ter armas
em casa ou não; se quer usar drogas ou não; etc.
A liberdade, meu caro, requer doses cavalares de responsabilidade, razão
e lógica; e não de discursos emotivos e populistas de salvadores da pátria que
surgem com a conversinha de lutar pelos direitos dos outros. É por isso que
muitos preferem delegar as decisões da sua vida aos políticos do que encará-las
de frente – dá muito mais trabalho.