Alexandre de Moraes sempre se imaginou como um semideus togado, pairando acima do bem e do mal, distribuindo sentenças como Moisés entregava tábuas da lei. Mas eis que, de repente, o Olimpo rachou. Donald Trump, Elon Musk e uma turma de empresários resolveram lembrar ao excelentíssimo ministro que, fora do Brasil, a liberdade de expressão ainda é um conceito levado a sério. E agora? O todo-poderoso censor da República exclui sua conta no Twitter/X, talvez para evitar as notificações judiciais, talvez por não saber lidar com o fato de que, pela primeira vez, sua autoridade encontrou resistência.
Mas há outras prioridades. Bolsonaro precisa ser preso. Não importa se as provas do "golpe" de 8 de janeiro são mais frágeis que promessas de campanha, o importante é que o ex-presidente continue inelegível. O Brasil precisa manter sua democracia blindada – contra o voto popular, claro. O problema é que, quanto mais Moraes se apressa, mais Lula tropeça. A cada bravata do presidente, a economia sangra, os preços disparam e até os aliados começam a repensar se vale a pena sustentar um governo que se especializou em desculpas, não em soluções.
Enquanto isso, a realidade dos brasileiros segue implacável. O Plano Safra perde subsídios, os agricultores se preparam para um cenário de encarecimento brutal, e a inflação já ensaia um novo voo. Mas Lula, como sempre, prefere se ocupar de suas próprias fábulas: diz que é culpa do agronegócio, do mercado, dos banqueiros, dos extraterrestres, quem sabe. Culpa própria, jamais. E para reforçar que a Justiça é apenas um teatro de conveniência, seus antigos aliados da Lava Jato – aqueles mesmos que confessaram seus crimes – têm suas penas anuladas como se fossem apenas personagens mal compreendidos de um enredo distorcido.
No Brasil, não se governa, se apaga incêndios. Mas os bombeiros do Planalto andam desorientados. O presidente aposta na comunicação para salvar sua imagem, mas nem o marqueteiro mais esperto consegue fazer um pão francês custar menos ou um litro de leite virar suco gástrico. A paciência do brasileiro, essa sim, é um recurso cada vez mais escasso.
E agora, Lula? A crise é real, a oposição cresce, os aliados se inquietam e os intocáveis começam a ser tocados. Talvez esteja na hora de perceber que censura e bravatas não enchem prato nem pagam conta de luz. Talvez. Mas aí já seria pedir muito.