sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Os intocáveis e os incômodos

 Alexandre de Moraes sempre se imaginou como um semideus togado, pairando acima do bem e do mal, distribuindo sentenças como Moisés entregava tábuas da lei. Mas eis que, de repente, o Olimpo rachou. Donald Trump, Elon Musk e uma turma de empresários resolveram lembrar ao excelentíssimo ministro que, fora do Brasil, a liberdade de expressão ainda é um conceito levado a sério. E agora? O todo-poderoso censor da República exclui sua conta no Twitter/X, talvez para evitar as notificações judiciais, talvez por não saber lidar com o fato de que, pela primeira vez, sua autoridade encontrou resistência.

Mas há outras prioridades. Bolsonaro precisa ser preso. Não importa se as provas do "golpe" de 8 de janeiro são mais frágeis que promessas de campanha, o importante é que o ex-presidente continue inelegível. O Brasil precisa manter sua democracia blindada – contra o voto popular, claro. O problema é que, quanto mais Moraes se apressa, mais Lula tropeça. A cada bravata do presidente, a economia sangra, os preços disparam e até os aliados começam a repensar se vale a pena sustentar um governo que se especializou em desculpas, não em soluções.

Enquanto isso, a realidade dos brasileiros segue implacável. O Plano Safra perde subsídios, os agricultores se preparam para um cenário de encarecimento brutal, e a inflação já ensaia um novo voo. Mas Lula, como sempre, prefere se ocupar de suas próprias fábulas: diz que é culpa do agronegócio, do mercado, dos banqueiros, dos extraterrestres, quem sabe. Culpa própria, jamais. E para reforçar que a Justiça é apenas um teatro de conveniência, seus antigos aliados da Lava Jato – aqueles mesmos que confessaram seus crimes – têm suas penas anuladas como se fossem apenas personagens mal compreendidos de um enredo distorcido.

No Brasil, não se governa, se apaga incêndios. Mas os bombeiros do Planalto andam desorientados. O presidente aposta na comunicação para salvar sua imagem, mas nem o marqueteiro mais esperto consegue fazer um pão francês custar menos ou um litro de leite virar suco gástrico. A paciência do brasileiro, essa sim, é um recurso cada vez mais escasso.

E agora, Lula? A crise é real, a oposição cresce, os aliados se inquietam e os intocáveis começam a ser tocados. Talvez esteja na hora de perceber que censura e bravatas não enchem prato nem pagam conta de luz. Talvez. Mas aí já seria pedir muito.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

A insustentável leveza do desastre

 Lula já foi chamado de muitas coisas: operário, messias, injustiçado, salvador da pátria. Hoje, é apenas um fardo. Um fardo pesado, caro e sem manual de instruções. Sua popularidade, outrora sustentada por promessas e slogans reciclados, despenca mais rápido que o real diante de qualquer oscilação do mercado. Os números falam por si: 24% ainda insistem em acreditar, talvez por hábito, talvez por teimosia. O resto do país já percebeu o óbvio: o governo é um fiasco.

O fenômeno seria cômico, não fosse trágico. A economia está em frangalhos, o dólar faz festa, a inflação manda lembranças e, no meio do caos, o presidente segue sua rotina habitual de culpados terceirizados. O problema nunca é dele. É da "herança maldita", do Congresso, da elite, do clima, de Marte, de Plutão. Só falta culpar a astrologia por seu desastre econômico. Enquanto isso, o brasileiro tenta pagar uma conta de supermercado que aumenta mais rápido do que discurso de político em campanha.

Mas não sejamos injustos. Lula não está sozinho nessa epopeia de incompetência. Sua musa, Janja, prova que ser primeira-dama no Brasil não exige mais do que um cartão de embarque na primeira classe e um talento especial para fingir relevância. De hotéis cinco estrelas a agendas de puro folclore, sua gestão como "primeira-turista" do país está cada vez mais impopular. Descobriram que ela serve para tanto quanto uma nota de três reais: circula muito, mas não tem valor algum.

A solução? O governo aposta na comunicação, como se uma boa edição de vídeo fosse capaz de baratear o arroz e o feijão. Não será. Pode-se maquiar estatísticas, manipular manchetes e distribuir promessas como quem joga pão a pombos. Mas o brasileiro sente no bolso aquilo que a propaganda tenta esconder. E, por mais que Lula e sua trupe queiram transformar narrativa em realidade, o preço do café continua a desafiar o melhor dos marqueteiros.

Dois anos restam. E o que fazer? O impeachment é um desejo crescente, mas seria uma solução ou um alívio momentâneo? Melhor deixá-lo ali, tropeçando nas próprias bravatas, até que a história o empurre para seu merecido ostracismo. O que resta de sua popularidade vai derretendo ao sol da própria incompetência, e, ao fim, talvez nem precise ser removido.

A democracia tem dessas ironias: às vezes, a punição perfeita é deixar o culpado terminar o serviço. No caso de Lula, significa vê-lo arrastar seu governo até o último suspiro de credibilidade, provando, com cada nova pesquisa, que a única coisa que ainda consegue construir é a rejeição de um país que já não aguenta mais.