quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

A ópera dos 90%

Se Dante Alighieri fosse brasileiro, certamente teria reservado um círculo especial no inferno para governos incapazes. O círculo dos 90%, quem sabe, onde almas penadas de mandatários incompetentes arderiam ao som das manchetes de jornais e das lamentações de seus eleitores. No caso de Lula, esse número mágico não vem de sua aprovação — que já teve dias melhores —, mas da rejeição retumbante que assombra seu governo. E por que não? Com o dólar voando, preços subindo e Haddad apresentando pacotes fiscais com a profundidade de uma monografia mal escrita, era de se esperar que o Brasil perdesse mais do que a paciência: perdeu a confiança.

Ah, Haddad! O eterno aluno de ouro da pedagogia petista. Prometeram cortes de gastos, reformas, algo que trouxesse um fiapo de alívio ao mercado. O que entregaram? Mais um carnê de crediário fiscal, desses que ninguém quer pagar. Os investidores, que são pragmáticos e alérgicos a demagogias, trataram de virar as costas. O resultado? Lá se foi nossa classificação internacional, despencando como os índices de popularidade de um presidente que parece mais preocupado com discursos do que com ações.

Enquanto isso, o povo, que um dia foi agraciado com slogans de "nunca antes na história deste país", agora descobre que o “antes” talvez não fosse tão ruim assim. Restam dois anos de mandato, e o futuro parece um campo minado de decisões desastradas. Se nem o mercado acredita mais no Brasil, por que o brasileiro deveria?

O problema de Lula não é só a economia – embora ela pese como um elefante nas costas de quem tenta sobreviver. É a sensação generalizada de que o barco está à deriva, capitaneado por quem está mais interessado em manter sua retórica do que em encontrar o rumo. Um governo que, ironicamente, prometeu inclusão social, mas conseguiu unir ricos e pobres na mesma indignação: os primeiros fugindo, os segundos revoltados.

E o que dizer dos próximos dois anos? Se formos acreditar na lógica dos 90%, há de se esperar que, no fim deste mandato, Lula tenha a aprovação de quem ainda acredita em Papai Noel. Porque a confiança no governo, no mercado e no futuro do país, esta já ficou para trás, como uma promessa de campanha esquecida na gaveta.

Restará ao brasileiro continuar sua sina histórica: sobreviver aos governos que escolhe e às consequências que não escolheu. Dois anos é muito tempo. Ou pouco, dependendo do ângulo. Mas, no Brasil, tempo é o que menos importa. Aqui, o caos não usa calendário.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Golpes imaginários e quedas bem reais

Se o Brasil fosse uma novela, seria dessas que passam na sessão da tarde, cheia de dramas mal ensaiados e vilões imaginários. No episódio mais recente, Lula, nosso dramaturgo-mor, segue encenando sua eterna luta contra um golpe que nunca veio, enquanto o país despenca ladeira abaixo na classificação mundial, o dólar bate os 6 reais, e a economia dança um samba desengonçado. Golpes reais, ao que parece, são privilégio exclusivo do mercado.

Haddad, o eterno aluno esforçado que nunca entrega a lição certa, faz suas apresentações PowerPoint com gráficos coloridos e palavras otimistas, mas ninguém acredita. Nem ele, talvez. Enquanto isso, investidores fogem mais rápido que políticos em CPIs, e o pobre cidadão brasileiro assiste, desolado, ao real perder seu último resquício de dignidade. Um governante competente tentaria remediar o desastre. Lula, porém, prefere dar entrevista sobre conspirações invisíveis e relembrar suas glórias de outrora, quando o Brasil ainda acreditava em contos de fada.

E o golpe? Ah, o golpe! É o fantasma conveniente que justifica tudo: a inflação descontrolada, a fuga de capitais, o desespero na classe média. Lula grita "golpe" como quem espanta mosquitos, enquanto o país afunda em problemas bem mais concretos. Não é preciso um general de óculos escuros e botas pretas para derrubar este governo. O mercado e a incompetência já estão fazendo esse trabalho com eficiência exemplar.

O curioso é que, no meio desse caos, o povo brasileiro mantém sua resiliência – ou seria uma teimosia ingênua? Continuamos a acreditar que dias melhores virão, mesmo quando quem está no comando parece mais interessado em lutar contra moinhos de vento do que em construir qualquer coisa que preste.

Enquanto Lula se ocupa com seu teatro do absurdo, o dólar dispara, os preços sobem, e o Brasil descobre que a única coisa mais imaginativa do que os golpes inventados pelo governo são as desculpas que ele dá para sua própria incapacidade. Golpes podem ser fictícios, mas a conta do supermercado, infelizmente, não é.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Janja, Musk e a ópera bufa do poder

 Não é todo dia que uma primeira-dama se lança na arena internacional para xingar um bilionário excêntrico que, com todas as suas idiossincrasias, mais parece saído de uma distopia cyberpunk. Mas eis que Janja, entre um post sobre cachorrinhos e um selfie no Alvorada, decide mirar sua indignação no homem que manda satélites ao espaço e administra uma das maiores redes sociais do mundo. O motivo? Vá entender. Talvez a gravidade do Brasil já não seja suficiente para segurar certas mentes em órbita.

Elon Musk, para quem ainda vive num barraco sem Wi-Fi, não é só um empresário. É o ícone do século XXI, amado e odiado em doses cavalares. Um visionário que às vezes erra o alvo, mas sempre está na vanguarda, agora envolvido até mesmo no governo de Donald Trump, reeleito para desfazer o caos americano com o mesmo estilo caótico que o caracterizou antes. O problema? Janja não leu o memo. E, como toda boa ativista de sofá, soltou seus impropérios sem medir as consequências. Decoro, afinal, é coisa de burguesia.

O mais irônico – e aqui não posso deixar de rir – é que, enquanto Janja grita contra Musk, seu marido, o sempre performático Lula, segue o baile de incompetências com uma elegância de paquiderme na loja de cristais. O governo desanda, a inflação não se estabiliza, e o Brasil patina na lama da mediocridade. Mas há tempo para tudo: ataques gratuitos, polêmicas desnecessárias e, claro, a velha tentativa de transformar a inépcia em virtude.

E que ninguém diga que Janja é só figura decorativa. Ao contrário, ela se tornou um espelho perfeito do governo que representa: barulhento, desajeitado e sem noção de prioridades. Musk, de sua torre de foguetes, certamente riu. Já o resto do mundo, perplexo, anota mais um capítulo da ópera bufa brasileira. Se o Brasil ainda fosse uma piada, pelo menos seria original. Agora, nem isso.

Por fim, resta a reflexão: como uma nação com tanto potencial consegue escolher líderes que, ao invés de comandar, transformam o país num reality show de segunda categoria? Janja grita, Lula se esquiva, e o Brasil assiste. E Musk? Ele orbita. Porque, ao contrário de nossos ilustres governantes, ele entende que o futuro não se constrói no grito. Se constrói na ação. Coisa rara por aqui.